sábado, 19 de maio de 2012

Em que o deserto pode ser incrível?

Está aí uma daquelas antigas sabedorias que a gente teima em esquecer: quando se lê um livro por cinco vezes, em cada uma delas será encontrado um novo mundo (ou uma nova forma de ver o velho mundo).

Essências dizem respeito a tudo aquilo que não se vê. O que eu vejo, vejo seus olhos brilhantes, azuis, de ressaca. Vejo sua roupa. Sinto o cheiro e o tempero. Ouço a voz, o ritmo, os batimentos do coração. Descubro informações nos manuais, nos perfis eletrônicos, nas frases selecionadas. Memorizo certas passagens, vividas e escutadas, para lembrá-las depois. Vejo, Sinto, Ouço, Descubro, Memorizo. Mas isso tudo está inserido em camadas.

Em que o deserto pode ser incrível? "O que torna belo o deserto - disse o principezinho - é que ele esconde um poço em algum lugar" (quinquagézima terceira vez de leitura, enfim, a sede traz a tona sabedorias antigas.) O que digerir de tudo isso? Ainda conversando com Exupery conclui que você nesse momento deve acreditar que tem um tesouro escondido na sua casa, tesouro mesmo, desses que a gente cava fundo pra encontrar. Mas, como ninguém o procurou, fica a magia de saber que ele está ali. Algumas certezas na vida podem ser dispensáveis...

Essências podem ser reconhecidas através da proximidade. Dicas?! Elas podem estar na colher da gelatina que sem saber porquê você insiste em pegar uma a mais e depois descobre o motivo. Elas podem estar em um objeto que chega de supresa na sexta-feira a noite. Elas podem estar no sotaque depois do silêncio.

Em que uma pessoa pode nos ser conveniente?

Interessante, e se acontecesse?

Estava um dia desses em uma das aulas de licenciatura da faculdade e enquanto a professora falava, ouvimos o som de um trem que passava ali por perto. Ela cessou a fala, fechou os olhos e imitou gestualmente o apito que fazia o barulho "Agora o trem invade a sala, nos damos uma volta e depois retornamos, ou mesmo só olhamos ele passar..." Coisas que se realmente acontecessem deixariam o cotidiano mais interessante.

Tentei trazer à tona outros acontecimentos que gerassem a mesma sensação e consegui pensar na passagem do filme do homem aranha em que ele e a sua parceira encontram-se olhando o céu noturno deitados na teia que ele fez num ponto muito alto da cidade. Essa cena, se acontecesse deixaria o cotidiano muito mais interessante.

Não percamos as esperanças, estas cenas podem vir a acontecer sim...

Estava um dia desses assistindo uma missa, até que, de fundo musical das cantorias e leituras e homilias, ouvi um barulho familiar (não para esse ambiente). Uma rádio pirada estava dando interferência no som da Igreja, então, assisti a missa com um toque de futebol, não dava pra escutar muitos detalhes, mas predominava a comemoração dos gols que se diferenciava do desenrolar da partida. Esta cena aconteceu e deixou, sem dúvidas o cotidiano bem mais divertido/interessante.

sábado, 31 de março de 2012

Inspiração com data marcada

Está na agenda e meta é pra ser cumprida. Metas 2012: algumas riscadas, algumas antes do ano acabar já me conformo que não serão cumpridas, outras tentarão ser cumpridas durante esses próximos oito meses. Inspiração tem dada marcada agora, agora que a vida está se ajeitando...
Tudo está ficando mais organizado, mais "no seu devido lugar", o que é passado ficou no passado, o presente está sendo muito bem vivido, obrigada e o futuro está nos sonhos.
Viver é deixar viver, certo Frejat? Assim vamos levando, com umas saudadinhas aqui, outras companhias que compensam ali, gente interessante batendo a porta e eu faço questão de deixar entrar, convido pra um café e chamo pra um jantar. Se tudo for correndo bem, fique. Se não, ah, não tenho tempo pra "nãos", saia da minha casa sozinho, nem me avise.
Passei o mês de março com muita vontade de viver com todos os sentimentos à flor da pele, deu certo. Que continue dando e bem-vindo abril.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Sei que nem tudo tá certo, mas com calma se ajeita

Comecei pelo título, estava no clima de D2 por aqui e, pensando em sua vida, desceu a inspiração.
"Nascido em São Cristóvão, morador de Madureira, desde pequeno acostumado a subir ladeira...Sempre ligado, sempre sabendo o que quer. Sempre bom da cabeça, nunca doente do pé. Eu vou levando a vida, é, juro que vou, só no sapato, sempre sendo o que sou..."
_Muita positividade_ vivo repetindo isso para os outros, para mim mesma, para os outros no espelho e, isso é engraçado. Pensar positivo nunca foi meu forte, na verdade, eu preciso fazer muita força pra ser otimista, mas depois de 9/fevereiro/2009 eu aprendi que "nem tudo tá certo, mas com calma se ajeita". Não nessas palavras, mas eu tenho certeza que se o amigo Marcelo não tivesse escrito a letra, a composição seria de Diana Ramos Rodrigues.
Outra questão engraçada é que quem apresentou essa biografia do D2, foi uma certa professora de português, em 2009. Português.
Pedro Otávio: Di, qual sua matéria preferida?
Di: (saindo) O quê? Ãh? Hein?
Respondo: Português.
Entendeu a situação? Te conheço, te gosto. E concordo com você quando disse que o pensamento de Deus sobre nós duas foi: "ah, elas pensam que não vão se gostar, só pensam" e nos uniu e nos separou e nos une nas férias e nos une no resto do ano, quando surge um livro interessante, alguém interessante, uma história interessante. E que assim seja. Feliz 3 anos.

sábado, 14 de janeiro de 2012

Indicação para leitura: A morte é uma piada (M.Medeiros)

Os teimosos contra a morte foram muitos, entre eles a minoria que conheço deixou claro “Só vou morrer quando eu quiser” ou ainda “Eu não vou morrer”. Tristes, contudo, são os fins de todos os Policarpos, desta sina não há quem escape. O assunto é delicado, doloroso e proporciona frios na barriga “O que? Meus pais não serão eternos?” E minha cachorra? E as amigas? E os tempos da praia?
Pelo bem e pelo mal o bordão é o mesmo: Deve-se seguir em frente - e concordo, não há remédio, nem solução “um dia todo mundo cai do galho e um dia a queda vai ser definitiva”. Por isso interessante seria se todos esculpissem a cada amanhecer uma vida repleta de cores quentes, frias, alegres, tristes etc. Algumas vezes a peça pode vir a quebrar, mas haverá sempre a oportunidade de reconstrução. Apesar de difíceis serem as escolhas, o poder de cada ser humano só se torna completo unido ao de outro, desta maneira, as esculturas devem ser postas lado a lado e assim formam a união: amigos, família (é mesmo impossível ser feliz sozinho).
A efemeridade faz com que o simples torne-se eterno, no fundo temos fotografias internas de um bom dia da professora de português que coloca um dos pés sobre a cadeira e lê a apostila como ninguém.
Essa é uma das muitas. Pense em algum momento a de ser eternizado.
Estes momentos efêmeros acabam por ser levados em diante. Quando a escultura foi produzida de maneira digna, o ser/escultor deixa sua marca para um sempre, ou na fotografia interna de uma 'fã' ou numa piada bem contada, num palavrão bem dito. Salve Dercy, Cazuza e a professora de português (a minha e a sua).